10 anos depois…

O que me faz voltar a ter um blog (ou reabrir o meu velho blog no wordpress) uma década depois do último post? Na verdade, não tenho resposta.

Este post poderia ter sido escrito tanto 5 anos atrás como daqui a 5 anos – com a mesma pergunta e no final com a mesma constatação: Não tenho resposta.

Sempre tive esta inquietação. Precisava falar algo, compartilhar alguma ideia. Seja por meus antigos programas no Lágrima Psicodélica, seja por redes sociais. O problema é que nestes dez anos que se passaram desde a minha última aparição neste blog, o turbilhão de pensamentos é muito (ou tanto, ou demais, ou qualquer outro advérbio usado erroneamente mas que exprime quanta coisa tenho na cabeça) , mas a paciência para colocá-los em ordem e começar a “por para fora” acaba após a primeira mijada (consequência das quatro latas de cerveja desta quarta-feira à noite).

Então, enquanto minha bexiga aguenta, vou escrever esta introdução sobre os 10 últimos anos.

Fiz amigos, e talvez aqui esteja o ponto mais importante. Penso que ao chegar em determinada idade, vc deixaria de fazer “novos amigos” de verdade, para apenas se despedir dos grandes amigos que se vão nesta jornada. Mas eu quebrei este paradigma que me impunha, e fiz novos amigos. Talvez não seja exatamente como comecei este parágrafo, na verdade acho que é bem diferente do que descrevi neste parágrafo. Acho melhor recomeçar.

Aprimorei as amizades feitas nestes 10 anos (agora sim). Muitos passaram para a lista seleta de amigos inseparáveis (mesmo que distantes fisicamente – principalmente pela pandemia). Alguns a gente nem se vê ou fala por vários dias, mas sabemos que eles estão lá, e se precisarem eu estou aqui. Considero isso uma vitória, afinal neste mundo intransigente e cheio de falsidades, amizades para se contar a qualquer momento são um tesouro.
Nossas afinidades vão de opiniões políticas, sociais à gostos musicais. Conforme disse naquele parágrafo a ser riscado, chega uma certa idade em que imagino que seus “amigos de fé” estariam desaparecendo, mas tive a felicidade de inverter esta corrente. Muitas vezes a música nos uniu. Por outro lado, algumas amizades antigas deixaram de existir ou fazer sentido. Até pode ser normal isso, mas em alguns casos é com certa dor. Confesso que em outros não: analisando friamente estou bem melhor assim. Sei lá se isso é reflexo da terceira idade batendo à minha porta, mas este é outro assunto…

Escrevo isso ao som de You Can’t Always Get What You Want, do album Let It Bleed dos Rolling Stones. Em homenagem ao Charlie Watts, que nos deixou ontem. Aos 80 anos… Torço para chegar lá, com a sensação do dever cumprido e me sentindo realizado. Ainda tenho chão.

Agora dá licença, preciso mijar urgentemente…